O reflexo das transformações religiosas na sociedade e história

A análise da reforma protestante e seus impactos na sociedade tem sido feita já há muitos anos, e não existe novidade nas conclusões à que se chega ao lermos por exemplo “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” de Weber, onde ele cita o Calvinismo e suas vertentes bem como o pensamento da liberalidade econômica em favor do ganho, que essas novas teologias trouxeram, e suas consequências político-sociais nos países que abraçaram esse pensamento, contudo, não pretendo me deter nessas vertentes já tão exploradas.

Não há como falar de reforma protestante sem antes mencionar Lutero e sua atitude, sua coragem e motivações. Sem o objetivo de querer anular a motivação mais racional e aparente das atitudes de Lutero, entendo que pode ser muito proveitoso analisar um dos pontos centrais de toda essa mudança, um ponto de apoio que impulsionou todo os outros acontecimentos seguintes, falo das “95 teses” que foram afixadas na porta da igreja castelo em Wittenberg, Alemanha, em 31 de Outubro de 1517.

Lutero era teólogo e professor, conhecia bem o hebraico e o grego, e tinha acesso irrestrito à bíblia, algo raro na época, o que fez com que ele pudesse ter sua própria visão do que estava lendo, e de alguma forma fosse influenciado diretamente pelo que lia sem que a visão do sistema religioso que estava inserido o influenciasse. Isso inicia um processo ímpar dentro da Igreja Romana* da sua região, as suas pregações eram impregnadas do seu entendimento não contaminado do que havia estudado por anos na bíblia, e as pessoas se despertaram para ouví-lo, multidões se aglomeravam para ouvir de um entendimento diferente dos conceitos milenares e inquestionáveis sobre Deus até então, a novidade era irresistível, por causa de sua erudição e estudos, Lutero viajou por muitos lugares onde a igreja estava estabelecida, à fim trabalhar por essa causa, e nessas viagens ele percebeu que haviam muitos pontos questionáveis quanto à posição de certos líderes da religião que professava, havia a perversão completa dos conceitos que eram ensinados pela instituição e suas práticas ocultas.

Inevitavelmente Lutero começa a esbarrar nesses conceitos contraditórios estabelecidos entre aquilo que ele lia, ensinava e considerava como verdade absoluta (a bíblia) e as práticas da religião que se dizia divulgadora da mesma fonte dessas doutrinas, e é nesse momento começam seus conflitos internos. Uma das coisas que a história relata que mais perturbou Lutero, foi a carta do Apóstolo Paulo à igreja que estava em roma na época (que ironia divina não?), que exorta fortemente aos cristãos romanos à abandonarem certas práticas que já estavam acontecendo ali no seio da Igreja Primitiva*, como descrito :

 

“porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e os seus corações insensatos se obscureceram. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos e trocaram a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal, bem como de pássaros, quadrúpedes e répteis. Por isso Deus os entregou à impureza sexual, segundo os desejos pecaminosos dos seus corações, para a degradação dos seus corpos entre si.Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram a coisas e seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém.”(Romanos 1:21-25)

 

Esse conflito pessoal, culmina e é ao mesmo tempo resolvido, segundo o próprio Lutero, no trecho que mais tarde se tornaria sua bandeira, “O justo viverá da fé” descrito em Romanos 1:14, que diz :

 

Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: “O justo viverá pela fé“. (Romanos 1:17)

 

Lutero estava indignado com a injustiça e hipocrisia do sistema religioso que pertencia, e esse conceito é a base para a construção das suas 95 Teses que abalariam o mundo conhecido e dominado até então pelo poder religioso inquestionável de Roma. Em uma análise mais detalhada das 95 Teses de Lutero podemos entender que, por mais que ele realmente tenha sido ajudado, apadrinhado, patrocinado e etc… pelos principes Saxões Frederico e Georg da Saxônia, que obviamente estavam interessados nessa nova possibilidade de ter uma religião que contradissesse Roma, esse documento histórico expressa as motivaçõs sinceras de Lutero que poderiam se dividir em: Humanas (quase socalistas), Políticas (sobre o poder da igreja), Doutrinárias e Espirituais(ou Psicológicas), sendo estas duas últimas as mais citadas entre todas as teses.

 

Dentre esses aspectos motivacionais acima, selecionamos dentre as 95 teses as 2 primeiras motivações, para os demonstrar:

 

Humanos ou Socialistas:

 

40. A verdadeira contrição procura e ama as penas, ao passo que a abundância das indulgências as afrouxa e faz odiá-las, ou pelo menos dá ocasião para tanto.[4]

41. Deve-se pregar com muita cautela sobre as indulgências apostólicas, para que o povo não as julgue erroneamente como preferíveis às demais boas obras do amor.

42. Deve-se ensinar aos cristãos que não é pensamento do papa que a compra de indulgências possa, de alguma forma, ser comparada com as obras de misericórdia.

43. Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se comprassem indulgências.[6]

44. Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa se torna melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna melhor, mas apenas mais livre da pena.

45. Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um carente e o negligencia para gastar com indulgências obtém para si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus.

51. Deve-se ensinar aos cristãos que o papa estaria disposto – como é seu dever – a dar do seu dinheiro àqueles muitos de quem alguns pregadores de indulgências extorquem ardilosamente o dinheiro, mesmo que para isto fosse necessário vender a Basílica de S. Pedro.

56. Os tesouros da Igreja, a partir dos quais o papa concede as indulgências, não são suficientemente mencionados nem conhecidos entre o povo de Cristo.

86. Do mesmo modo: Por que o papa, cuja fortuna hoje é maior do que a dos ricos mais crassos, não constrói com seu próprio dinheiro ao menos esta uma basílica de São Pedro, ao invés de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis?(trecho das 95 Teses de Lutero)

 

Políticos:

5. O papa não quer nem pode dispensar de quaisquer penas senão daquelas que impôs por decisão própria ou dos cânones.

6. O papa não tem o poder de perdoar culpa a não ser declarando ou confirmando que ela foi perdoada por Deus; ou, certamente, perdoados os casos que lhe são reservados. Se ele deixasse de observar essas limitações, a culpa permaneceria.

24. Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente ludibriada por essa magnífica e indistinta promessa de absolvição da pena.

25. O mesmo poder que o papa tem sobre o purgatório de modo geral, qualquer bispo e cura tem em sua diocese e paróquia em particular.

26. O papa faz muito bem ao dar remissão às almas não pelo poder das chaves (que ele não tem), mas por meio de intercessão.

47. Deve-se ensinar aos cristãos que a compra de indulgências é livre e não constitui obrigação.

59. S. Lourenço disse que os pobres da Igreja são os tesouros da mesma, empregando, no entanto, a palavra como era usada em sua época.

60. É sem temeridade que dizemos que as chaves da Igreja, que foram proporcionadas pelo mérito de Cristo, constituem estes tesouros.

79. É blasfêmia dizer que a cruz com as armas do papa, insigneamente erguida, eqüivale à cruz de Cristo.

90. Reprimir esses argumentos muito perspicazes dos leigos somente pela força, sem refutá-los apresentando razões, significa expor a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos e fazer os cristãos infelizes.(trecho das 95 Teses de Lutero)

 

Poderíamos tambem separar dentre as 95 Teses os aspectos puramente doutrinários e psicológicos(eu classifico como espirituais), mas nota-se que esses estão clara e indivisivelmente diluídos dentro os 2 primeiros e todas as 95 teses, apontando para a preocupação maior de alguem que não havia até então desistido do sistema, e digo isso com segurança, pois durante toda a leitura do documento, vê-se claramente que por mais que Lutero discorde das práticas da Igreja Romana e do Papa, ele não diminui sua importância eclesiástica, ele não fez apologia à quebra do sistema, Lutero apontou aquilo que estava em desacordo com a fé que a própria instituição professava, e isso trouxe muitos problemas para si. É óbvio que Lutero fala em indulgências o tempo todo, e isso pode soar com a conotação de que ele se preocupava apenas com o dinheiro, e até arrisco a dizer que toda a ajuda que ele recebeu talvez tenha sido por causa desse entendimento dúbio, mas todo o resto das teses e os livros a que se seguiram após as teses, e se verá claramente que ele luta e se arrisca pelo que ele cria, comentendo muito mais atos reprováveis ao sistema romano, como “o crime” de traduzir à bíblia para o Alemão (antes somente em Latin) e distribui ao povo, dando lhes o poder de tirar suas próprias conclusões.

Todo esse barulho, culminou no que se registrou como o grande cisma da Igreja Romana, conhecido na história como a Reforma Protestante.

Em 1520, já totalmente desligado do sistema religioso romano, Lutero escreveu uma obra entitulada “A Liberdade do Cristão”, onde diz: “…por meio da fé todos possam ser também reis e sacerdotes com Cristo, tal como diz o apóstolo Pedro em 1 Pe 2.9… Somos sacerdotes; isto é muito mais que ser reis, porque o sacerdócio nos torna dignos de aparecer diante de Deus e rogar pelos outros”. Lutero põe o Apóstolo Pedro, considerado o primeiro Papa, em pé de igualdade sacerdotal com o povo.

Mais adiante ele pondera: “Tu perguntas: ‘Que diferença haveria entre os sacerdotes e os leigos na cristandade, se todos são sacerdotes?’ A resposta é: as palavras ‘sacerdote’, ‘cura’, ‘religioso’ e outras semelhantes foram injustamente retiradas do meio do povo comum, passando a ser usadas por um pequeno número de pessoas denominadas agora ‘clero’.” (A Liberdade do Cristão, cap. 17).

Lutero simplesmente trás à tona algo que já estava escrito à mais de mil anos, a base do pensamento cristão, que o povo têm a mesma dignidade que os ministros, era possível ser religioso apenas pela fé, trabalho honesto e auxílio ao próximo. Todas as profissões e atividades eram igualmente valiosas perante o pensamento Cristão de acordo com a bíblia. Isso foi o princípio do conceito do sacerdócio de todos os cristãos, e que libertou os homens do temor e dependência do clero romano, e influenciou fortemente a economia e a sociedade às quais esse conceito foi apresentado, não havia mais a necessidade de um intermediário entre o homem comum e as bênção de Deus. Vemos isso se repercutindo claramente durante os séculos até os nossos dias, haja vista os estudos, mesmo que ao meu ver totalmente materialistas, como os de Weber e outros pensadores sobre esse episódio da história, mas certamente é algo que não se pode negar, seja qual for o aspecto.

O fato é que toda transformação religiosa profunda, independente de filosofia ou teologia, causa sim transformações na sociedade e na história, Cristo desestabilizou o sistema religioso mais eficiente e concreto conhecido da época, o judaísmo, e isso trouxe uma mudança econômica e governamental de proporçoes gigantescas. Maomé apresentou ao oriente uma religião nova que modificou a política de muitos países, e hoje a Europa inteira está em vias de se tornar um país islâmico. Fatalmente cada linha religiosa dessas, deixa marcas profundas nos territórios por onde passa, sejam boas, ruins ou ainda desconhecidas, temos os exemplos de países de linhagem protestante com a economia forte, bem como países de linhagem islâmica com as leis muito severas, países de religiões múltiplas em que os povos passam por profundos problemas sociais como Índia e alguns países africanos.

Não há como ignorar as modificações religiosas e seus impactos na sociedade, o Brasil que já foi considerado um país católico,  recebeu as características dessa herança, mas atualmente vem sofrendo uma visível mudança, o protestantismo e agora tambem recém criado “neo-protestantismo” tem invadido o país angariando cada vez mais adeptos à suas teologias, que embora se digam Cristãs, assim como a Igreja Romana dos tempos de Lutero, estas últimas(neo-protestantes) têm práticas bem questionáveis, e a principal delas é a famigerada “teologia da prosperidade” que ao contrário da teologia romana que apregoava o voto de pobreza e cobrava a indulgência em troca do perdão, fazendo um aprisionamento psicológico, essa nova vertente tem características inversas, afirmando ao homem que o mesmo têm direito de ser rico, de prosperar, que quem não prospera é porque está em pecado, e que na maioria das vezes esse pecado é o de não contribuir financeiramente as igrejas (um indulgência motivacional).

O sucesso dessa nova teologia é enorme, eles estão por toda a parte, em todos os canais de TV, em cada esquina, e atingem principalmente os bolsões de pobreza da sociedade, onde as pessoas sonham com a prosperidade que os pregadores decretam e até “profetizam” em troca de sua fidelidade financeira com a “obra” de Deus. Já existe no governo as bancadas evangélicas que têm grande poder legislativo e tambem configuram currais eleitorais, o mercado Gospel que fatura milhões mensalmente, as programas Gospel (grande parte dos canais abertos se renderam à essa programação), os canais de TV próprios (mídia é poder), os grandes eventos que arrastam multidões “em nome de Deus”, os produtos Gospel que são vendidos nas lojas e muitas vezes nas igrejas tambem, sem contar as perigosas “nações” de fiéis que aceitam o comportamento de seu líderes em face à qualquer situação abdicando às vezes da racionalidade (roubos de dízimos e etc…), bem como a assimilação irrestrita das opiniões por vezes radicais sobre sexualidade,aborto e intolerância religiosa.

Em especial no Brasil onde muitos estavam descepcionados com o sistema religioso romano, toda essa mudança religiosa encontrou um solo fértil, já está deixando suas marcas desde os anos 70, e não podemos mensurar ainda suas consequências futuras, se boas ou ruins, é difícil ignorar que esse tipo de transformação não mudará a sociedade, pois por mais que o estado e o mundo tentem se auto afirmar como laicos, a história aponta que isso é falácia, o mais confortante é pensar que talvez podemos estar na eminência de um novo cisma que mudará os rumos da história e da sociedade novamente.

 

 

Igreja Primitiva* = Igreja Cristã estabelecida pelos Apóstolos, sem templos, rituais ou líder único.

Igreja Romana* = Igreja Cristã, originária da primitiva que foi assumida pelo governo romano.

Conversa(Fictícia) entre um Cristão denominacionalista e outro que deixou o Sistema Religioso

– Você é crente?
– Sim, graças ao Senhor.
– Que bom! Eu também. De que igreja você é?
– Bom, deixe-me pensar… Irmão, eu sou da única igreja que existe?
– Como assim? Não entendi!
– Quantas igrejas você acha existam?
– Centenas, talvez milhares!
– Eu acredito que não seja bem assim!
– Como não!?, só no meu bairro existem seis!
– Quantas noivas O Senhor Jesus tem?
– Uma só!
– E quantos corpos Cristo tem?
– Um também
– Pois é! A Bíblia nos deixa bem claro em Colossenses 1:18 e 1;24 que a Igreja é o Corpo de Cristo. E o próprio Cristo e a cabeça.
– Irmão, eu só te perguntei de que igreja você é! Se você é da igreja batista, da Assembleia de Deus, da adventista…
– Então irmão, na verdade você não me perguntou de que igreja eu sou e sim, de que denominação eu sou.
– Ah! tô começando a entender. Vou te perguntar de novo: de que denominação você é?
– De qual denominação a Bíblia me orienta ser?
– Me parece que a bíblia não diz nada sobre isso.
– Já parou pra pensar se você fizesse esta mesma pergunta para algum dos Apóstolosde Jesus, naquela época? O que será que apostolo João te responderia? Será que era João da igreja Metodista? E Pedro, será que ele era da “Deus é amor”?
– Irmão, isso chega a ser engraçado, né? Nunca tinha pensado nisso.
– Certamente, eles não entenderiam sua pergunta.
– É, eles não entenderiam mesmo, naquela época não era como agora.
– Não era mesmo irmão! E você acha que quem está errado: os cristão daquela época, que não tinham denominações ou os de hoje.
– Acredito que se alguém está errado somos nós. Mas o que você quer dizer com isso irmão.
– Quero dizer que não pertenço a nenhuma denominação.
– Ah! Você não tem igreja! né.
– Irmão! Eu sou parte da Igreja do Senhor, o que não tenho é denominação!
– Você não tem denominação, mas é parte da Igreja! Me explica isso melhor.
– É o seguinte…denominação é algo totalmente diferente da Igreja. A igreja é composta por todo aquele, que creu no Senhor Jesus, que O recebeu como Senhor e Salvador, como diz no evangelho de João 1:12.
– Sim… fale mais.
– Em 1Corintios 12:12 nos diz:“Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, constituem um só corpo, assim também com respeito a Cristo.” Viu? Apesar de haver vários membros há apenas um Corpo. E já vimos em Colossenses que a Igreja é o Corpo de Cristo. E para não restar duvidas no verso 27 diz: “Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse corpo.” Isso quer dizer juntos, todos os irmãos, formam o Corpo de Cristo. E individualmente cada um é apenas um membro.
– Mas você precisar de um lugar para congregar, ter um nome de referencia. Lembrade Hebreus 10:25 ? “Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima.”
– Sim irmão. A palavra do Senhor é para ser cumprida, mas não preciso de uma denominação para cumpri-la, os primeiros cristãos não tinha denominações e certamente cumpriam bem mais as escritura que nós. Eu preciso da Igreja, eu preciso congregar, eu preciso da comunhão dos demais irmãos, o que eu não preciso é deuma denominação, de uma instituição religiosa.
– Me fale qual a diferença entre denominação e igreja.
– A Igreja é todo o povo de Deus, ela é composta por todos aqueles que nasceram denovo, por todos aqueles que são uma nova criatura em Cristo Jesus. A Igreja não tem fronteiras, a igreja não tem nacionalidade. Denominação é uma instituição, que assim como um empresa possui um CNPJ, um estatuto…A igreja não tem CNPJ e seu estatuto é a bíblia. Uma denominação tem uma data de fundação e pode ter uma datade extinção. A Igreja foi fundada a mais de 2000 anos lá na cruz do calvário e seus membros estão arrolados nos céus(Hebreus 12:23).
– Mas onde fica o templo nessa história? Você precisa ter um lugar para congregar.
– Irmão primeiramente, em toda a bíblia existiu apenas um templo e era em Jerusalém, construído por Salomão. Templo é algo da antiga aliança. Hoje, no novo testamento não existe templo.
– Então não existe um lugar que devemos adorar a Deus?
– Esta era a mesma duvida que uma certa mulher samaritana tinha. Ela queria saber onde se deveria adora a Deus: se no monte onde Jacó adorou ou em Jerusalém. Jesus respondeu a ela: “Mulher, podes crer-me que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai… Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.” (João 4:21-24 RA). Você não acha que estas palavras de Jesus são para ser levadas a serio?
– Então é errado ter um lugar para reunir?
– Irmão não é errado que os irmãos tenham um local para reuniões, mas uma coisa deve ficar bem clara, este local nada tem de especial, não é um lugar sagrado, e eu não preciso ter um vinculo com ele, meu vinculo tem que ser com os membros do Corpo de Cristo, não com um local físico. A Igreja do Senhor é feita de pedras vivas, não com cimento e tijolos. Como o apostolo Pedro diz: “também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fimde oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo.” (1 Pedro 2:5 RA)
– Mas não está certo esse negócio de se reunir em casa. eu já houvi falar de pessoa que não vão a igreja, ou melhor dizendo não vão ao templo….quer dizer, não vão na casa de oração.
– Irmão você tem que dizer isso para quem escreveu a bíblia, lá aparece varias menções de igrejas nas casas. Filemom 2, Romanos 16:5, Colossenses 4:15. E mais em Atos nos diz: “Entretanto, não habita o Altíssimo em casas feitas por mãos humanas; como diz o profeta: O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés; que casa me edificareis, diz o Senhor, ou qual é o lugar do meu repouso? Não foi, porventura, a minha mão que fez todas estas coisas?” (Atos 7:48-50 RA)
– Irmão entendi o que você falou, mas não vejo problemas em continuar em uma denominação. Estou servido a Deus fazendo o melhor que eu posso.
– Irmão, não tenho duvidas que você ama a Deus. E além do mais você é parte demim. Você creu no Senhor Jesus e o Espirito Santo passou a habitar em ti. O mesmo Espirito que habita em ti habita em mim, somos irmão. Mas tenho que te dizer que o denominacionalismo não glorifica a Deus. O denominacionalismo é divisão do Corpo deCristo. “Está Cristo dividido? foi Paulo crucificado por vós? ou fostes vós batizados em nome de Paulo?” (I Coríntios 1 : 13). O povo de Deus tem ser um para que o mundo creia, em João 17: 20-21 diz: “Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste.” (João 17:20-21 RA)
– O que é isso que você chama de denominacionalismo? Não vejo problema em se adotar um nome.
– Denominacionalismo é o ato de se dividir do restante do Corpo de Cristo, formando um grupo sob o emblema de uma doutrina(falsa ou verdadeira), de uma pessoa, deuma pratica, etc. Cremos no batismo, mas nem por isso devemos nos denominarmos batistas”. Cremos que há presbíteros no Corpo de Cristo, mas nem por isso devemos nos denominarmos “presbiterianos”. Cremos nos dons(do grego charismas), nem por isso devemos nos denominarmos “carismáticos”. Cremos no pentecoste, mas nem por isso devemos nos denominarmos “pentecostais”. Cremos que Martinho Lutero foi um grande servo de Deus, mas nem por isso devemos nos denominarmos “Luteranos”. Cremos nos métodos de Deus, mas nem por isso devemos nos denominarmos “Metodistas”. Cremos no advento(vinda) do Senhor Jesus, mas nem por isso devemos nos denominarmos “adventistas”. Não ousamos colocar sobre nós qualquer nome que não possa ser usado por todos os filhos de Deus.
– Isso tá me cheirando ecumenismo! Olha irmão, esse negócio de ecumenismo é coisa do diabo! Num entrar nessa não!
– Irmão isso não tem nada haver com ecumenismo. O ecumenismo prega a união detodas as religiões. Eu estou falando da união do Corpo de Cristo, ou seja a união detodos osverdadeiros filhos de Deus. Eu estou falando da união da família de Deus. Ou você acha que a família de Deus tem que estar dividida? Irmão não deve existir divisão no Corpo de Cristo. Paulo nos diz: “para que não haja divisão no corpo; pelo contrário, cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros.” (1 Coríntios 12:25 RA)
– Mas isso parece ecumenismo!
– Irmão, ecumenismo é a união de instituições religiosas. Eu estou falando da unidade do Corpo de Cristo.
– Você é daqueles que acredita que todos os caminhos conduzem a Deus?
– Não irmão, há apenas um caminho. Jesus disse: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” (João 14:6 RA). “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos.” (Atos 4:12 RA). Salvação só em Jesus Cristo, ele é o único caminho.
– Irmão, como seria todos os irmãos vivendo juntos, cada um com suas doutrinas, cada um com seu pensamento? Não seria uma grande babel.
– Irmão babel é o que vemos hoje, milhares de denominações, dividindo o Corpo deCristo. Isto realmente é uma babel
– Irmão, isto me fez lembrar daquela passagem: “Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado.” (1 João 1:7 RA). Lembrei também daquele:“Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então, haveráum rebanho e um pastor.” (João 10:16 RA). Realmente seria muito maravilhoso se todo o povo de Deus fosse na pratica um só rebanho, mas acredito que seja tão difícil. Acredito que seja uma utopia.
– Irmão você não pode dizer que a palavra de Deus seja utopia. O Nosso Deus é o Deus do impossível. Se ele deseja que seu povo seja UM, devemos também desejar isso, a despeito de qualquer dificuldade por maiores que sejam. Lembre-se sem fé é impossível agradar a Deus(Hebreus 11:16)
– É verdade irmão, estou começando a concordar com você. Mas se não há denominação, se não há uma instituição religiosa,como fica a liderança?
– Irmão, me diga como era a liderança na igreja primitiva? Eles não tinhamdenominações e não pertenciam a nenhuma instituição religiosa.
– Irmão, eu creio que naquela época a liderança era exercida pelos cristãos mais maduros que naturalmente tomavam a posição de seguir na frente enquanto os cristãos mais novos seguiam seu exemplo.
– Pronto irmão, você mesmo respondeu sua pergunta!Mas vale dizer que a autoridade no mundo é diferente da autoridade na igreja. No mundo a autoridade é posicional, ou seja, não importa quem você é, se você está em determinada posição você tem autoridade. Por exemplo: não importa se você é um alcoólatra, se você mente, se você é mau esposo, um mau pai, mas se você ocupa o cargo de capitão do Exército, você tem a autoridade que essa posição lhe confere. Na igreja é totalmente diferente. O importante é quem você é, se você tem uma vida consagrada, se tem um testemunho irrepreensível, se você é um obreiro que maneje bem a palavra de Deus, então naturalmente haverá pessoas que te procurarão em busca de ajuda e se submeterão a vida de Deus que há em ti.
– Mas a bíblia não fala de presbíteros?
– Sim. A palavra presbítero significa ancião, Na bíblia a liderança de uma igreja local era exercida pelos presbíteros, ou seja pelos irmãos mais maduros naquela localidade. E essa liderança era sempre plural. Em 1Tm 3:1-7 e Tt 1:5-9 vemos como deveriam ser estes homens.
– Mas hoje irmão, a gente que faz parte de uma igreja, ou melhor dizendo de uma instituição religiosa temos que nos submeter a pessoas que nem conhecemos. Lá na minha congregação mesmo, frequentemente há a troca de pastor e as vezes vem pessoas de outras cidade para assumir o cargo.
– Pois é irmão! Na bíblia não vemos tal coisa. Lembra daquela conversa que Paulo teve com os presbíteros de Éfeso em Atos 20, porque aqueles homens acataram e se submeteram as palavras de Paulo? Foi porque eles conheciam pessoalmente a Paulo, eles conviveram com Paulo e viram sua consagração à obra de Deus. A primeira coisa que Paulo faz ao falar com os presbíteros de Éfeso é invocar o seu testemunho dizendo a eles: “Vós bem sabeis como foi que me conduzi entre vós em todo o tempo, desde o primeiro dia em que entrei na Ásia,” (Atos 20:18 RA). Eles conheciam Paulo muito bem.
– Realmente! Irmão como eu nunca tinha visto isso!?
– Irmão e por outros lado o próprio Senhor Jesus proibiu o uso de títulos na igreja, o Senhor disse que somos todos irmãos.
– O Senhor proibiu o uso de títulos?
– Sim irmão.
– Me mostra isso!
– Olha só irmão: “Vós, porém, não sereis chamados mestres, porque um só é vosso Mestre, e vós todos sois irmãos. A ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque só um é vosso Pai, aquele que está nos céus. Nem sereis chamados guias, porque um só é vosso Guia, o Cristo. Mas o maior dentre vós será vosso servo. Quem a si mesmo se exaltar será humilhado; e quem a si mesmo se humilhar será exaltado.” (Mateus 23:8-12 RA)
– Irmão isso é demais para mim! Primeiro você me diz que não tem denominação, depois que a Igreja é o Corpo de Cristo, depois que denominação é divisão do Corpode Cristo, depois que não existe templo novo testamento, depois que liderança no Corpo de Cristo não é posicional, agora você vem me dizer que Jesus proibiu o uso detítulos?
– É irmão! E tem mais Jesus também proibiu hierarquia no meio de seu povo.
– O quê?
– É isso que você ouviu, Jesus proibiu hierarquia no meio de seu povo .
– Vai lá, eu sou forte, me mostra mais essa.
– Pois bem, vamos ler mais um pouco das palavras de Jesus:“Então, Jesus, chamando-os, disse: Sabeis que os governadores dos povos os dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles. Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo; tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” (Mateus 20:25-28 RA)
– Ufa! irmão é muita coisa pra um dia só. Mas…a palavra não fala de pastor, diáconos? Isso não são títulos? E se tudo é realmente assim onde fica os dízimos nessa historia? E se não há um lugar como os irmãos vão se encontrar? E se alguém pecar como é a disciplina? E se…
– Calma irmão! Não tenho como te explicar tudo isso de uma só vez, mas creio que se tivermos o coração disposto a aprender do Senhor, se deixarmos de lado os nosso conceitos pré-concebidos, o Senhor falara grandiosamente conosco desvendando os seus caminhos para nós, como diz as escrituras : “Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” (Provérbios 4:18 RA).
– Irmão, muito coisa do que você falou é verdade, mas tem algumas coisas que não concordo e outras vou ter que examinar melhor.
– Amém irmão! A palavra nos diz:“julgai todas as coisas, retende o que é bom;” (1 Ts 5:21 RA).
– É verdade irmão temos que ser como os de Bereia. “Ora, estes de Beréia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim.” (Atos 17:11 RA)
– É isso aí irmão!
– Irmão foi bom te conhecer. Foi boa esta conversa. Mas preciso ir. Mas tenha certeza que voltaremos a conversar sobre isso.
– Calma irmão! Você não pode sair daqui sem oramos
– Orar?
– Sim!
– Então vamos lá.
– Senhor te agradeço por ter conhecido mais um membro do teu Corpo, Te agradeço também pela comunhão que tivemos. Senhor nos leve a te conhecer cada vez mais, nos leve a te amarmos mais hoje do que amamos ontem. Peço que Senhor abençoe este meu irmão, dando da tua graça e conduzindo os seus passos.
– Senhor obrigado porque tu sempre nos surpreende. Obrigado porque quando pensamos que chegamos ao fim tu nos mostra um horizonte mais adiante. Quão insondáveis são os teus caminhos. Quebra todo sofisma que reside em nossas mentes. Amém!
– Amém!
– A Paz do Senhor irmão!
– Graça e Paz!

E se o samaritano fosse “ímpio”… ?

“…Um certo obreiro saia de sua igreja e ia para sua casa bem tarde da noite pois ficou incumbido pelo apóstolo de fechar a igreja, e parou em um bar para tomar água pois não havia nenhum estabelecimento aberto, enquanto ele bebia sua água mineral uma briga aconteceu no bar, ele foi atingido por uma garrafa na cabeça e roubaram sua identidade, roupas e o carro, deixando-o todo sujo e ensanguentado na calçada do bar em meio às guimbas de cigarro e garrafas de bebida e cachimbos de crack.

Ocasionalmente passou por ali um Pastor de uma igreja Pentecostal que o conhecia desde a infância pois foram amigos da mesma igreja quando pequenos; e, quando viu o amigo e reconheceu o caído na calçada, passou acenando negativamente com a cabeça e sussurrando “que tristeza, como pôde abandonar o Senhor e chegar a esse ponto”, puxou um folhetinho de dentro da bíblia e colocou ao seu lado, no folheto havia um lindo texto bíblico e uma mensagem falando de ir morar no céu um convite para ir a um culto em sua igreja, o endereço e um mapa de como chegar lá, saiu dali rapidamente porque passava uma ronda policial e ele não queria estar por perto…

Da mesma forma, um outro conhecido que era Bispo de uma igreja Neo-Pentecostal tambem passou pela calçada e o reconheceu, este tambem lamentou bastante que o conhecido de longa data estivesse se entregado às drogas e à bebida, e tirou do bolso um convite para ir a uma campanha de libertação “corrente dos milagres impossíveis” e nesse culto estaria presente um grande profeta de Deus, colocou sobre a cabeça do moribundo um lenço ungido, passou óleo santo de Israel em sua testa, colocou a rosa ungida de Sarom ao seu lado, e em seguida foi embora apressadamente para não perder a vigília de oração que começaria dali 10 minutos…

Mas um certo ‘ímpio’, que passou por aquela calçada, viu a cena e ficou chocado com a situação deplorável daquela pessoa, já eram 3 da manhã e começava a chover forte, e a região sempre alagava, havia o risco daquele homem morrer afogado já que estava desacordado e não acordava nem com a chuva. Imediatamente esse homem ímpio pegou o tal desconhecido que estava caído na calçada o colocou no seu carro, mesmo que estivesse todo sujo e ensanguentado e o levou para um hospital, ficou com ele a noite toda até que ele recobrasse a consciência. Pela manhã trouxe um café da manhã e conversou com o crente para entender o que aconteceu, depois disso o ajudou a ir na polícia em seu carro para abrirem um B.O, lhe comprou uma roupa limpa na C&A e o levou até em casa, onde deixou seus contatos para que este ligasse caso precisasse de qualquer coisa mais.

Já no portão de sua casa, aquele homem crente agradeceu tudo que o ímpio havia feito por ele e se despediu em seguida, depois disso chamou a família e glorificou à Deus pelo livramento que teve, e disse a todos que se não fosse um crente fiel provavelmente estaria morto, colocando o testemunho até mesmo no facebook, e todos comentavam ‘ô glória!’, curtiam e compartilhavam.

Mais tarde um pouco conversando com a esposa, aquele homem crente lembrava com preocupação do ímpio que o havia ajudado, mas só conseguia se lamentar junto com a esposa dizendo :
– Como pode uma pessoa tão boa assim, mas é uma pena que ele não conhece Deus, só falta se converter… ” Baseado em Lucas 10:30-35

“E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o, e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?
E ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês?
E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.
E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso, e viverás.” (Lucas 10:25-28)

Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? ” (Lucas 10:36)

A pergunta permanece: E se o samaritano fosse “ímpio”… ?

Um pouco da estrutura histórica do protestantismo

PROTESTANTES
Corrente do cristianismo que surge com a Reforma Protestante, iniciada no século XVI pelo teólogo alemão Martinho Lutero. Ele rompe com a Igreja Católica e defende uma reaproximação com o cristianismo primitivo. Defende ser a fé o elemento fundamental para a salvação do indivíduo, condena a venda de indulgências pela Igreja e a degradação moral do clero da época. Fixa na porta da igreja do Castelo de Wittenberg, no seminário onde leciona, 95 teses questionando dogmas, preceitos e práticas adotados pelo Vaticano. Essas teses são consideradas heréticas pela Igreja Católica, e, em 1519, Lutero afasta-se definitivamente do catolicismo ao negar o primado do papa. Dois anos depois é excomungado pelo papa Leão X. Com a simpatia de diferentes setores da nobreza e dos camponeses, o luteranismo difunde-se na Alemanha.
Expansão e correntes – As teses de Lutero encontram receptividade em outros países da Europa e acabam por gerar um movimento pela reforma da Igreja. O nome protestante é atribuído, na época, aos partidários da reforma que protestam contra a Dieta (assembléia convocada pelos reis) de Espira, em 1529.
Apesar de perseguido pelo Vaticano, Lutero é amparado pela aristocracia, traduz a Bíblia para o alemão e funda uma nova igreja. Ele abole a confissão obrigatória, o culto aos santos e à Virgem Maria, o jejum e o celibato clerical. Dos sete sacramentos católicos, ele só aceita os do batismo e da eucaristia. Nem todas as suas teses, porém, são aceitas por seus aliados em outros países e, em razão disso, o protestantismo dá origem a diferentes correntes de pensamento teológico e ao nascimento de novas igrejas cristãs, como a dos seguidores do francês João Calvino e do inglês John Wesley.
Os protestantes, também chamados de evangélicos, dividem-se atualmente em três grandes grupos de afinidade teológica. O do protestantismo histórico, criado a partir da reforma; o pentecostal, surgido no começo do século XX, e o neopentecostal, o grupo mais recente. No Brasil, o protestantismo começa a se estabelecer no início do século XIX e hoje reúne o maior número de adeptos da América do Sul.
Todas as igrejas protestantes celebram Natal, Páscoa, Pentecostes e as demais festividades cristãs. Também há comemorações particulares a cada uma delas, como o Dia de Ação de Graças, celebrado pelos luteranos, e o Dia da Escola Dominical, comemorado pelos metodistas.

PROTESTANTES HISTÓRICOS

Corrente do protestantismo que compreende as igrejas formadas a partir da reforma, como a Luterana, a Presbiteriana, a Episcopal Anglicana, a Batista e a Metodista.

Igreja Luterana – É a primeira Igreja saída da reforma, fundada por Martinho Lutero. A comunidade pode escolher seus pastores e todos os batizados estão aptos a ser considerados sacerdotes. Acentua-se a autoridade única da Bíblia, não sendo necessária a interpretação de um sacerdote. Cada igreja é independente e não é submetida a uma hierarquia.

Igreja Presbiteriana – Fundada pelo escocês John Knox (1514-1572), tem seus princípios fundamentais enunciados na Confissão de Fé de Westminster, em 1643. Segue a doutrina religiosa do teólogo francês João Calvino (1509-1564), que funda uma corrente do protestantismo. Enfatiza a leitura e a interpretação da Bíblia e adota o sacramento do batismo por unção, após o nascimento ou em qualquer idade, e da eucaristia, chamada de Santa Ceia. As igrejas presbiterianas escolhem seus pastores, que habitualmente oficiam os cultos e outras atividades, mas são dirigidas por conselhos de presbíteros, pessoas eleitas pela comunidade de fiéis e também aptas a realizar o trabalho sacerdotal.

Igreja Episcopal Anglicana – Igreja oficial da Inglaterra criada pelo rei Henrique VIII, que em 1534 rompe com a Igreja Católica. A reforma anglicana consolida-se em 1558, sob o reinado de Elizabeth I. Da Inglaterra difunde-se para as colônias, especialmente a América do Norte. Assemelha-se ao catolicismo quanto à liturgia. O anglicanismo admite mulheres como sacerdotes desde 1994.

Igreja Batista – Fundada em Londres, em 1611, por um grupo de luteranos liderados por Thomas Helwys (1550-1616). Valoriza o sacramento do batismo e defende sua realização em idade adulta, por imersão em vez de unção. Para os batistas, a salvação eterna não está relacionada à execução de boas obras. Difundida principalmente nos Estados Unidos, a Igreja Batista não usa a cruz como símbolo.

Igreja Metodista – Formada em 1740, com a obra do clérigo anglicano John Wesley (1703-1791), tem forte influência calvinista. Wesley passa a fazer reuniões metódicas para exercício de meditação, daí o nome metodista. A Igreja Metodista aceita o batismo simbólico das crianças. Defende ser a palavra de Deus suficiente para a salvação, mas critica a interpretação individual dos textos sagrados. Acredita na cura divina e na manifestação do Espírito Santo.

PENTECOSTAIS

Movimento que surge em Chicago, Estados Unidos, em 1906, de uma dissidência dos metodistas, e se difunde rapidamente por outros países, principalmente na América Latina. Sua doutrina e liturgia acentuam a atuação do Espírito Santo, como a cura de enfermidades, o exorcismo e o dom de falar línguas estranhas (glossolalia), manifestação iniciada com os apóstolos no Dia de Pentecostes. As igrejas diferenciam-se conforme a ênfase maior ou menor em aspectos doutrinários específicos.

Adotam, em geral, preceitos mais rígidos que os protestantes históricos quanto ao comportamento pessoal e social de seus membros. Entre as igrejas pentecostais tradicionais destacam-se a Congregação Cristã, Assembléia de Deus e Igreja do Evangelho Quadrangular, fundadas por missionários estrangeiros no Brasil.

NEOPENTECOSTAIS

Corrente do pentecostalismo mundial nascida nos Estados Unidos na década de 70 com base nos princípios da Teologia da Prosperidade. Prega que o sucesso, a felicidade e a prosperidade podem ser alcançados nesta vida. As igrejas neopentecostais também enfatizam as manifestações e atuações do Espírito Santo, mas são menos rígidas que as pentecostais tradicionais em relação ao comportamento pessoal e social de seus fiéis. Pertencem a esse grupo as igrejas brasileiras Universal do Reino de Deus, Sara Nossa Terra e Renascer em Cristo.

CRISTÃOS INDEPENDENTES

Formam um grupo específico dentro do protestantismo porque acreditam que a própria doutrina foi revelada por uma ação divina especial. As principais igrejas são a Adventista, a Mórmon e a Testemunhas de Jeová.

Igreja Adventista – Doutrina criada nos EUA por William Miller (1782-1849), que anunciava a volta de Cristo à Terra em 1844. Divide-se em vários ramos, como Cristãos Adventistas União da Vida e Advento e Adventistas do Sétimo Dia, que consideram o sábado dia sagrado. Os adventistas acreditam que a volta de Cristo está próxima e que os mortos dormem até a ressurreição.

Igreja Mórmon – Também chamada de Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, é fundada em 1830 pelo norte-americano Joseph Smith (1805-1844). Mórmon é o nome do livro que o fundador teria recebido das mãos de um mensageiro de Deus.

Testemunhas de Jeová – Igreja formada em 1875 pelo norte-americano Charles Russel (1852-1916), por um ramo da Igreja Adventista. Os fiéis rejeitam as noções de imortalidade da alma e de inferno. Acreditam que religião e governo são criações do diabo. Defendem a moral rígida e recusam-se a prestar o serviço militar. Seus locais de encontro se chamam salões do reino.

Existe apostolia nos tempos atuais?

Não, não existe!

Apóstolo Fulano, Apóstola (bizarro) Ciclana… são auto-intitulações completamente erradas, são aberrações à doutrina, e uma tentativa descarada de impressionar os incautos.

Para ser apóstolo são necessários 3 requisitos básicos:

• Tem que ter visto o Senhor
• Tem que ter aprendido diretamente com Jesus
• Tem que ser chamado por Jesus
(Mc 3.13-19; Mt 10.1-4; Lc 6.12-16)

Então porque Paulo foi considerado apóstolo?(Rm 11.13)

Ter visto (At 9.17; 1 Co 15.5-10; 1 Co 9.1)
Ter aprendido (Gl 1.1-24; 1 Co 11.23-26; 2 Co 12.1-12)
Chamado (Gl 1.1; 1 Tm 1.1; Ef 1.1; Cl 1.1;
• Tem que ter visto o Senhor
• Tem que ter aprendido diretamente com Jesus
• Tem que ser chamado por Jesus
(Mc 3.13-19; Mt 10.1-4; Lc 6.12-16)

Se Paulo, que efetivamente foi um apóstolo, se considerava um aborto (gerado fora do tempo), o menor dos apóstolos, imagine alguns que nos dias atuais se intitulam “apóstolos”, esses definitivamente nem ao menos conhecem as escrituras e estão tomados de vaidade.

O pastor versus o criador de ovelhas

 
“O Senhor é o meu pastor; de nada terei falta.
Em verdes pastagens me faz repousar e me conduz a águas tranqüilas;
restaura-me o vigor. Guia-me nas veredas da justiça por amor do seu nome.
Mesmo quando eu andar por um vale de trevas e morte, não temerei perigo algum, pois tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me protegem.
Preparas um banquete para mim à vista dos meus inimigos. Tu me honras, ungindo a minha cabeça com óleo e fazendo transbordar o meu cálice.”
Salmos 23:1-5
 
O pastor faz a ovelha repousar, 
o criador de ovelhas não as deixa sair do confinamento.
 
O pastor procura pastos verdejantes para suas ovelhas, 
o criador de ovelhas dá a ração mínima para o dia.
 
O pastor conduz suas ovelhas às águas tranquilas e abundantes, 
o criador de ovelhas dá a quantidade mínima para que não morram de sede.
 
O pastor se preocupa com a restauração do vigor das suasovelhas, 
o criador de ovelhas descarta as doentes ou fracas pelo risco de contaminar o restante.
 
O pastor está sempre junto às suas ovelhas mesmo nos momentos mais difíceis e as protege, 
o criador de ovelhas não se arriscaria por nenhuma ovelha e preferirá mantê-las presas.
 
O pastor está preocupado com a saúde de cada ovelha e unge a cabeça de cada uma com óleo, 
o criador de ovelhas se importa com os números de seu rebanho e vez ou outra as vacina em massa.
 
De acordo com a bíblia, Jesus tinha o modelo do bom pastor, e Ele disse:
 
“Qual de vocês que, possuindo cem ovelhas, e perdendo uma, não deixa as noventa e nove no campo e vai atrás da ovelha perdida, até encontrá-la?
E quando a encontra, coloca-a alegremente sobre os ombros
e vai para casa. Ao chegar, reúne seus amigos e vizinhos e diz: ‘Alegrem-se comigo, pois encontrei minha ovelha perdida’. 
Lucas 15:4-6
 
O pastor que Jesus cita como modelo fez de tudo para buscar 1 só ovelha que se perdeu, mesmo arriscando deixar 99 no campo (repare que não foi no aprisco nem no cercado), já o criador de ovelhas entende que é mais barato deixar 1 ovelha morrer do que arriscar o seu conforto e o conforto das 99 que “sobraram”.
 
O pastor está preocupado com o que ele pode fazer pelo rebanho, o criador de ovelhas preocupado com o que o rebanho pode fazer por ele (economicamente é óbvio).
 
Acho que alguns líderes que se intitulam Pastores, em minha opinião poderiam ser chamados de “criadores de ovelha”, seria bem mais adequado.

O bispo é maior que o pastor, que é maior que o presbítero?

BISPO = PRESBÍTERO = PASTOR*
Pastores, bispos e presbíteros não são três ofícios diferentes, e sim três palavras que descrevem aspectos diferentes dos mesmos homens.
Se na sua igreja há: Um bispo, um pastor e dois presbíteros. Você pode dizer que existem lá (quatro) pastores. Você que esta com dúvida ainda, por um relevante motivo, pois eu não mencionei nenhum texto bíblico para embasar o que estou falando, vamos lá…   
No Novo Testamento, encontramos muitas referências aos presbíteros/ bispos. Descobrimos em Atos 20:17 e 28 que esses dois termos se referem aos mesmos homens (veja, também, 1 Pedro 5:1-2, onde os presbíteros pastoreiam).
Não existe nenhuma base bíblica para usar o termo “bispo” para descrever um cargo, “pastor” para outro e “presbítero” para ainda outro, bispos e presbíteros são os mesmos servos. Lendo o livro de Atos, achamos vários  versículos que mencionam presbíteros: na Judéia (11:30); em cada igreja na Ásia Menor (14:23); em Jerusalém (15:2,4,6,22,23; 16:4); da igreja em Éfeso (20:17,28) e, mais uma vez, em Jerusalém (21:18). As epístolas, também, se referem aos homens que pastoreavam as igrejas: “bispos” em Filipos (Filipenses 1:1); “o presbitério” (1 Timóteo 4:14); “presbíteros que há entre vós” (1 Pedro 5:1; aqui aprendemos que Pedro era presbítero, um dos dois apóstolos assim identificados—veja 2 João 1 e 3 João 1).
O trabalho dos presbíteros inclui várias funções importantes: pastorear(Atos 20:28; 1 Pedro 5:2); ensinar (Efésios 4:11-16; Tito 1:9); ser modelos (1 Pedro 5:3); presidir (1 Timóteo 5:17); vigiar (Atos 20:31);exercendo o presbitério por amor e não por ganância (I Pd. 5:2),velar por almas (Hebreus 13:17); guiar (Hebreus 13:17); cuidar/governar (1 Timóteo 3:5); ser despenseiro de Deus (Tito 1:7); exortar (Tito 1:9);calar os enganadores (Tito 1:9-11); etc.
  •         Observamos em todos os exemplos bíblicos que as igrejas que tinham presbíteros sempre tinham mais de um. Seja em Jerusalém, Éfeso, Filipos ou outro lugar, sempre fala dos presbíteros no plural. A prática comum nas igrejas de hoje, de ter um só pastor numa congregação, não tem nenhum fundamento bíblico.
  •         No século I, cada comunidade cristã era governada por um grupo de presbíteros ou bispos, de modo que não havia apenas um obreiro para fazer tudo que um pastor faz nos dias atuais. Apenas no século II o bispo passou a dirigir várias igrejas.
  •         Você pode esta se perguntando: como surgiu o conceito de bispo com autoridade divina sobre os pastores? Ele evoluiu entre os homens, jamais da verdade eterna de Deus.Encontramos alguns resquícios desse conceito nos escritos da Igreja Primitiva. Irineu, no segundo século cristão, refere-se aos bispos como sucessores dos apóstolos tanto no ensino como na administração das igrejas. Hipólito afirma que somente os bispos tinham autoridade para ordenar pastores. Vemos aqui um passo em direção ao desvio da Bíblia e mais próximo do papado romano.
SERÁ QUE PRECISAMOS DE MAIS TEXTOS BÍBLICOS PARA ENTENDER QUE NÃO EXISTE DIFERENÇA ENTRE OS OFÍCIOS DE PRESBÍTEROS, BISPOS E PASTORES. Querem mais, vamos lá então…
  •         Observe que a palavra de Deus nos diz “está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros…” Tg. 5:14, porque não diz; chamem os pastores ou bispos?
  •         (Também nas qualificações para alguém liderar a Igreja de Cristo, só aparece os presbíteros e bispos Filipenses 1:1); “o presbitério” (1 Timóteo 4:14); por que não aparece as qualificações de pastores?
  •         Em (Tt 1:5-9), Paulo orienta Tito estabelecer de cidade em cidade Presbítero ou Bispo nas igrejas e não pastor.
OBS: Vou te trazer uma revelação bíblica que talvez possa te causar espanto, por você nunca ter ouvido “talvez”. Não existe na bíblia o termo “pastor” como um título eclesiástico. O termo é usado metaforicamente para os títulos de presbíteros e bispos.
 
O Último livro escrito no N.T, não é (apocalipse) como é o senso comum, mas sim (3 João). E João inicia sua carta, endereçado aopresbítero Gaio. Isso demonstra que até o I século da era cristã, não se utilizava o termo pastor como título eclesiástico.
O termo “pastor”, (Gr. Poimen) como líder espiritual é encontrado poucas vezes no Novo Testamento, e essas poucas vezes só se referem a Jesus e a nenhum outro líder (Jo 10.11). “Eu sou bom pastor…” (1 Pe 5.4). “E, quando aparecer o Sumo pastor…” (Hb 13.20). Ora, o Deus de paz, que pelo sangue do concerto eterno tornou a trazer dos mortos a nosso Senhor Jesus Cristo, grande pastor de ovelhas,…
A metáfora pastoral, terminologia favorita de Jesus para expressar sua relação com o povo era a de pastor e ovelha. É, portanto, natural que os encarregados de cuidar do rebanho do Senhor sejam chamados pastores.
Não é fácil para os habitantes do mundo ocidental compreender a relação íntima que existia entre o pastor palestino e suas ovelhas.Nenhuma palavra poderia expressar melhor o cuidado amoroso e a confiança mútua que deveria existir entre o líder espiritual e suas ovelhas do que a palavra “pastor”.
Resumindo – na Bíblia não há diferença entre presbítero, bispo e pastor. (Todos são os mesmos servos)
Tudo que é novo ao nosso conhecimento, criamos automaticamente uma resistência. Analisem os textos e tirem suas próprias conclusões.

Teologia, Política, Direito e Tecnologia (o blog é meu e eu escrevo sobre o que quiser).